O conceito de inovação está atrelado ao sentido de criar, desenvolver, alterar e renovar, que são iniciativas fundamentais para o crescimento econômico e industrial. É um processo contínuo que produz mudanças significativas, mas que também exige planejamento e recursos financeiros. Para te apoiar nisso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) coordena os Núcleos de Acesso ao Crédito (NAC), presentes em 26 federações estaduais das indústrias, compostos por especialistas em linhas de financiamento para inovação, por exemplo.
Esse tipo de financiamento é destinado a promover pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas empresas brasileiras e, geralmente, são ofertadas por instituições financeiras que fomentam o desenvolvimento econômico através de incentivos, subsídios, fundos de capital de risco, na interlocução com entidades governamentais e sem fins lucrativos.
“Nem toda inovação necessita de recursos financeiros. Mas, quando o investimento é necessário, existem algumas formas de conseguir recursos para investir em inovação, e o financiamento é uma delas”, explica a especialista do NAC de Vitória da Conquista (BA), Mariana Martins.
A Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a taxa de inovação no Brasil foi de 70,5% em 2021. O percentual é relativo às empresas industriais com 100 ou mais pessoas que lançaram um produto ou implementaram um processo de negócios novos ou substancialmente aprimorados.
Dessas, 37,8% lançaram produtos e implementaram processo de negócios novos; 20% implementaram só novos processos de negócios; e 12,7% lançaram somente novos produtos.
Segundo Mariana, alguns setores industriais têm demandado mais crédito do que outros, como os setores de Tecnologia da Informação (TI), Farmacêutico e Biotecnologia, Sustentabilidade, Energias Sustentáveis e a Indústria Automotiva para investir em inovação.
A seguir, a especialista do NAC responde as principais dúvidas sobre financiamento para inovação:
1. Existem tipos de inovação?
Sim, existem pelo menos 3 macro conceitos já reconhecidos pelo mercado: inovação incremental, inovação radical e inovação disruptiva.
Inovação incremental é o tipo mais comum de inovação, ela funciona como uma espécie de processo contínuo de otimizações e melhorias no produto ou serviço. Ela muitas vezes está nos processos internos da empresa, no dia a dia, aumentando a produtividade e lucratividade do negócio.
A inovação radical é muito mais complexa que a incremental. A empresa produz um produto ou serviço tão inovador que sequer tem concorrência, criando sua própria demanda de mercado. Esse tipo de inovação pode exigir mais tempo e dinheiro para consolidar mercado mesmo não existindo concorrência direta.
Já inovação disruptiva é um processo em que uma tecnologia, produto ou serviço cria um mercado e desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam. É geralmente algo mais simples, mais barato do que o que já existe ou algo capaz de atender um público que antes não tinha acesso ao mercado. Em geral começa servindo um público modesto até que domina todo o segmento.
Além disso, a inovação também pode ser segmentada em produto, serviço, processos, tecnologias, logísticas e marketing. Uma empresa pode implementar vários tipos de inovação.
2. Toda empresa pode solicitar crédito para inovação?
Sim, desde que, por meio de projeto consiga enquadrar o investimento em algo inovador, seja apenas para empresa ou para o mercado. Também é preciso que a empresa possua todos os documentos cadastrais, de análise e de liberação de crédito para ser apresentado às instituições financeiras.
Assim como todo financiamento, o valor liberado será com base na condição de pagamento da empresa analisando o faturamento declarado ou projetado, analisando o segmento de mercado, o risco e a alavancagem do sistema financeiro.
3. Quais as principais fontes de financiamento para inovação no Brasil?
As agências de desenvolvimento e os bancos de fomento são grandes fontes de recursos. Os bancos públicos e privados também têm oferecido condições especiais para incentivar a inovação nas empresas e desenvolver mercado.
Parte dos recursos destinados ao empreendedor que quer inovar pode sair do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por exemplo, ofertando crédito, subsídios e fundos de avais.
Outra forma de conseguir recursos financeiros é por meio dos editais de subvenção, que são uma modalidade de apoio ao desenvolvimento seja de produtos ou negócios, e o diferencial é que a empresa vencedora do edital não tem que devolver os recursos para a instituição que disponibilizou o crédito. Entidades como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) frequentemente lançam editais que oferecem recursos financeiros para as empresas podendo ser reembolsáveis ou não.
Já os programas de aceleração e incubação de empresas inovadoras e startups são ótimas opções para atrair Investidores Anjo, que é um investidor externo a empresa que entra com um aporte financeiro ou técnico para auxiliar no desenvolvimento do projeto ou da própria empresa.
Nos últimos anos os hubs de inovação têm ganhado cada vez mais visibilidade pelas atuações que visam colaboração, oportunidades e desenvolvimento de ideias inovadoras, nesses ambientes que podem ser tanto físicos como online acontecem muitas networks.
É importante destacar também que a disponibilidade e os critérios a essas fontes podem variar ao longo do tempo, alinhado ou não com incentivos fiscais e políticas públicas com foco desenvolvimentista.
4. Para quais inovações as empresas mais buscam crédito?
A inovação pode estar presente em qualquer área ou segmento. Uma tendência observada são as inovações voltadas para tecnologia sustentável, inteligência artificial e automações.
Na tecnologia sustentável a inovação pode vir no modo como consumimos, com a IA, a segurança digital, aumento de produtividade e machine learning (aprendizado de máquina) tem se destacado como soluções inovadoras do segmento.
As automações são novos aplicativos, engenharia de plataforma, otimização de softwares entre outros.
A inovação também pode aparecer por meio de uma melhoria no próprio maquinário industrial, na criação de uma nova ferramenta ou a implantação de um novo processo produtivo dentro da empresa.
5. Essas linhas de financiamento para inovação são mais fáceis ou mais “baratas”? Qual a diferença e os benefícios de solicitá-las?
As linhas de inovação têm vantagem em relação às demais linhas de financiamento quanto aos juros, tempo de carência e prazos maiores, mas são mais burocráticas, exigem projeto com característica inovadora e comprovação da destinação do recurso.
Para empresas que precisam do recurso de forma mais rápida podem acabar não sendo a melhor opção. As condições de financiamento podem variar de acordo com o tipo de projeto e o segmento da empresa.
O diferencial das linhas de inovação são as condições de pagamento mais alongados que vão de 3 a 5 anos de carência e prazos totais de pagamento para até 15 anos.
Para as empresas de micro a pequeno porte o financiamento é de 100% do projeto, para portes maiores o financiamento fica cerca de 80% do valor total do projeto.
Tem dúvidas? O NAC Responde!
Todo mês, o NAC Responde, produzido pela Agência de Notícias da Indústria, tira as dúvidas mais frequentes de empresários e gestores na hora de buscar crédito para os negócios
“Por meio das orientações, o NAC facilita o acesso ao crédito de micros, pequenas e médias empresas industriais. O crédito é essencial para o funcionamento das empresas, seja para viabilizar novos investimentos ou para atender às necessidades rotineiras de caixa”, pontua o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra.
Desde 2015, o NAC assessora MPEs industriais sobre as linhas de crédito disponíveis no mercado, dando suporte com informações sobre documentação, taxas de juros, garantias, número de parcelas, itens financiáveis, entre outras. Saiba mais pelo site do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) ou entre em contato com a federação das indústrias do seu estado.
Fonte: portaldaindustria