A Petrobras assumiu a posição de maior desenvolvedora de projetos eólicos no país, em mais um passo fundamental em direção à transição energética. Um avanço que se deve à parceria com a WEG, firmada neste mês, para desenvolver o maior aerogerador onshore do Brasil, com potencial de 7 MW – suficiente para abastecer sozinho uma cidade de 16.880 habitantes. Em paralelo, detém, entre as empresas brasileiras, o maior potencial de energia eólica offshore em capacidade protocolada pelo Ibama. Isso porque encaminhou ao órgão ambiental, em setembro, pedido para viabilizar o licenciamento ambiental de dez áreas marítimas nas regiões Nordeste (sete áreas), Sudeste (duas) e Sul (uma), que reúnem uma capacidade total de 23 GW.
O aerogerador já está em desenvolvimento pela WEG e deve começar a ser produzido em série em 2025. Com investimentos de R$ 130 milhões, o equipamento será fundamental para a Petrobras aumentar seu conhecimento na tecnologia de eólica. Esses foram alguns dos destaques apresentados pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (foto), durante palestra de abertura do XI Seminário sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira, nesta quinta-feira (28/09), na sede da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
A companhia aposta nas parcerias como um dos caminhos para viabilizar a transição energética. “Nosso propósito é deslanchar o desenvolvimento de energias renováveis no país, unindo forças com os principais players globais e nacionais. Vamos compartilhar nosso conhecimento em cenários offshore, totalmente familiar para nós, aprendendo aquilo que ainda precisamos desenvolver. Além disso, vamos destinar até 15% dos nossos investimentos totais para projetos de baixo carbono no próximo Plano Estratégico para o período de 2024 a 2028”, disse Prates.
“Para uma empresa de petróleo, a transição energética é se metamorfosear, é se transformar em outra coisa. Isso exige amplo planejamento, reflexão, preparação e ao mesmo tempo continuar a entregar valor tanto para o acionista quanto para a sociedade, como é o caso de uma empresa estatal como a Petrobras”, complementou ele.
Novas fontes energéticas
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, participou no painel “Transição Energética e Mercado de Carbono”. Tolmasquim deu um panorama da atual situação mundial que motivaram a companhia a se colocar rumo à descarbonização. “O fato hoje é que há 128 países que congregam 88% das emissões globais e 92% do PIB mundial, que têm metas de descarbonização. Em velocidades e formatos diferentes, esses países estão adotando uma série de políticas, inclusive mais duras, para a redução das emissões, por exemplo, na área de transportes, que central para o setor de petróleo. Há países que simplesmente pretendem banir a venda de veículos carburados e outros que estão criando leis de incentivo para a aquisição de veículos elétricos. A projeção da Agência Internacional de Energia, caso se cumpra a meta de Paris, é de que haja uma queda na demanda de petróleo de cerca de 40%. Há também o fato de que os principais financiadores/investidores do setor estão adotando políticas mais restritivas e eles reúnem ativos da ordem de 6 trilhões de Euros, isso é fato”, comentou Tolmasquim.
O executivo fez questão de ressaltar as medidas da Petrobras diante dos desafios para a redução de emissões. “A Petrobras vai continuar sendo essencialmente uma empresa de petróleo, entendemos que há lugar para um mundo com menos petróleo e a gente vai se adaptar para continuar a existir sendo a principal empresa do Brasil. Há atividades que têm uma enorme sinergia com nossas atividades offshore, que é a eólica offshore e nós estamos nos posicionando nessa área. O Brasil tem uma extensão costeira imensa e a Petrobras é a empresa que tem hoje mais projetos de eólicas offshore inscritos no Ibama, cerca de 14GW. Outra ação que tem muito a ver com a gente é a produção de biocombustíveis, como o diesel-R, para o transporte rodoviário, o combustível marítimo, que terá de imediato, cerca de 10% de combustível renovável e com tendência de crescer; há também a amônia verde, que deverá ser destinada ao transporte ferroviário; e o grande filão, que é o combustível aéreo renovável, que todas as companhias precisam e não tem quem produza. Nós também estamos de olho na área petroquímica, na qual devemos entrar junto com parceiros”, concluiu.
Fonte: tnpetroleo