Pesquisa conjuntural da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) divulgada na tarde desta terça-feira (15) apontou um crescimento de 3,2% e 1,3% nas vendas e na produção física da indústria de alimentos em 2021, respectivamente.
Juntos, mercados interno e externo foram responsáveis pelo faturamento de R$ 922,6 bilhões, valor 16,9% acima do apurado em 2020. O volume representa 10,6% do PIB estimado para o ano passado.
Outro dado de destaque é o número de trabalhadores ocupados, 1,2% a mais do que em 2020, totalizando 1,72 milhão de pessoas. No total, foram 21 mil novos postos de trabalho em 2021
Nas vendas para o mercado interno, que representam 73,5% do faturamento, a alta foi de 1,8%, puxado pelo setor de food service, que respondeu por 26,3% das vendas da indústria em 2021, ante 24,4% no ano anterior.
Segundo a associação, o incremento foi motivado pelo processo de retomada, com a reabertura dos estabelecimentos, a aceleração da transformação digital e a ampliação do delivery.
As exportações, que representam 26,5% do faturado pela indústria, aumentaram 18,6% e atingiram o patamar recorde de US$ 45,2 bilhões, impulsionado pela retomada da economia mundial combinada com a taxa de câmbio favorável.
Commodities e embalagens
Em 2021, a elevação dos preços das commodities agrícolas teve um impacto relevante no custo de produção dos alimentos industrializados.
Ao final do ano, Índice de Preços da FAO/ONU apontou que elas atingiram o maior patamar em 10 anos, apresentando uma alta acumulada de 28,1% em relação à média dos preços em 2020.
No mercado interno, as perdas de produção provocadas pela estiagem prolongada em várias regiões produtoras contribuíram para reduzir a disponibilidade interna de café, milho, cana-de-açúcar e leite, elevando os preços médios em, respectivamente, 60,3%; 42,7%; 36,1%; 24,1%.
No caso das embalagens, a indústria enfrentou altas que chegaram a 100%, além de restrições na oferta.
Perspectivas para a indústria de alimentos em 2022
Apesar do cenário atual para a economia brasileira apontar a projeção do PIB entre 0,5% e 1%, as perspectivas para a indústria de alimentos em 2022 mantêm-se positivas. Espera-se um aumento de 2% nas vendas reais, mesmo se as pressões nos custos de produção persistirem.
Entre os fatores de estímulo ao consumo neste ano estão a correção de 10,06% do salário mínimo e o processo gradual de recuperação no emprego, inclusive o formal, que contribuem para a melhoria do poder aquisitivo da população.
As vendas no mercado interno deverão seguir em ritmo de crescimento próximo ao apurado em 2021, mais uma vez com destaque para o setor de food service, que pode alcançar 29% de participação nas vendas da indústria. O volume de exportações também apresenta cenário promissor, podendo chegar a US$ 46 bilhões.
Do lado da oferta, a entrada da nova safra de grãos, a partir de fevereiro — se confirmadas as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), de expansão de até 12,5% no volume de produção — contribuirá para melhorar a disponibilidade de matérias-primas e reduzir as pressões sobre os custos de produção.
Fonte: moneytimes