Um mercado promissor, capaz de liderar a transição energética, mas que ainda depende de um marco legal, foi o tom do painel “Destravando o potencial para eólicas offshore no Brasil”, na OTC Brasil, em que representantes do setor de óleo e gás destacaram o Brasil como a região ideal para o desenvolvimento desses projetos.
“É importante frisar que, em companhias como a Equinor, disputamos capital de investimento com outros países do mundo e se isso não acontecer em um determinado horizonte, esse capital pode ir para outros países”, declarou André Leite, Diretor de Eólicas Offshore na América Latina da Equinor.
“Enxergamos o Brasil como um greenfield, um mercado ainda não regulado. Tivemos um decreto, mas esperamos ter um arcabouço mais robusto para dar mais segurança aos investimentos que vão ser requeridos. Precisamos de um arcabouço regulatório sólido que traga segurança para trazermos esses investimentos para o Brasil”, afirmou Fernanda Scoponi, Gerente Sênior de Desenvolvimento de Negócios – Energia Eólica Offshore da TotalEnergies.
A Petrobras reafirmou sua estratégia de investir em eólicas offshore, citando projeto em estudo no litoral do Rio Grande do Norte. O gerente executivo de renováveis da Petrobras, Daniel Cleverson Pedroso, ressaltou a importância da parceria com o estado, universidades e afirmou que, a primeira etapa, será a de licenciamento da área junto ao Ibama.
Oportunidades e desafios no setor de óleo e gás brasileiro
A possibilidade de desenvolvimento de novas áreas, como na Margem Equatorial, direciona esforços da Petrobras, ao mesmo tempo que a oferta de novos blocos desperta interesse nos próximos ciclos da oferta permanente.
Otaviano da Cruz Pessoa Neto, gerente geral de tecnologia e dados aplicados para exploração da Petrobras, reforçou o compromisso da empresa em desenvolver novas áreas e apontou a margem equatorial como o principal destino do Capex da companhia nesse segmento. “Vamos investir US$ 3 bilhões em campanhas de exploração na margem equatorial até 2027, com a perfuração de 16 poços”.
O gerente de exploração para Brasil, Guiana-Suriname da TotalEnergies, Jacques-Antoine Dal, lembrou que a meta da empresa é ofertar energia com menos emissões, e o Brasil é peça chave nessa estratégia. “No Brasil temos portfólio de multienergia com produção de óleo em águas profundas; plantas solares e eólicas; postos de abastecimento e atividades de pesquisa e desenvolvimento”, pontuou Dal.
Já Marina Abelha, Superintendente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), ressaltou a disponibilidade de novas áreas nos ciclos da Oferta Permanente que será realizado pela Agência Reguladora em dezembro, com destaque para a Bacia de Pelotas. “Todos os 132 setores da Bacia de Pelotas receberam declaração de interesse”.
Case da Noruega
Brasil e Noruega devem estreitar os laços diplomáticos e econômicos para liderar a transição energética no setor marítimo, que hoje opera com cerca de 90% de sua capacidade a partir de combustíveis fósseis. Os dados foram apresentados no painel “Innovation Norway – Norway´s contributions to decarbonization for the maritime sector in Brazil”.
“Há um projeto de lei no Congresso sobre o Combustível do Futuro, que contempla o setor aeroviário, mas não o marítimo, o que gera uma lacuna importante. A Noruega tem vasta experiência em emissões de baixo carbono no setor marítimo e complementaridades estratégicas com o Brasil”, frisou Valéria Lima, Diretora Executiva de Downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Rafaela Guedes, Senior Fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), que conduziu um estudo sobre transição energética para o setor marítimo em parceria com o Consulado da Noruega, destacou que a solução para a descarbonização deste setor no Brasil não será única. “Para o Brasil, uma rota muito importante será a dos biocombustíveis, o que não excluirá, por exemplo, a eletrificação de pequenas embarcações de curta distância, em especial na Amazônia. O diesel pode chegar a construir quase 50% da renda das famílias na região”, ressaltou.
Recorde de público
O primeiro dia de OTC Brasil registrou um aumento de público de 32%, em comparação com a última edição. Quase 6 mil pessoas percorreram estandes e salas do evento, contra 3800 presentes na edição de 2019.
Fonte: tnpetroleo